domingo, 21 de novembro de 2010

Lições que a gente aprende

Você já pensou em suas responsabilidades como líder? Como o menor gesto ou atitude sua pode influenciar a pessoa liderada por você, ou mesmo aquela pessoa que hierarquicamente não está sob seus comandos, mas voluntariamente se dispõe a acreditar em você a tal ponto que ao receber uma orientação sua, a seguirá simplesmente por confiar no que você diz?
Essa semana um fato me marcou bastante, e me fez refletir bastante sobre a relevância de ser líder. Trabalho como gestor do departamento de qualidade de uma indústria com mais de 350 pessoas, minha equipe tem 12 pessoas, mas acabo tendo que interagir com todos os níveis da empresa e pessoas de quase todos os setores, e no final da última quinta-feira eu já estava tomado pelo cansaço, estava sendo uma semana difícil, a noite anterior havia sido mal dormida e o dia tinha sido um daqueles dias que você preferiria não ter saído de casa, o fato era que fisicamente eu estava demonstrando todo esse stress e cansaço, meu corpo era reflexo do meu espírito naquele momento. Ao ir ao banheiro passei pelo corredor principal da fábrica, minha cabeça baixa, meus ombros caídos como se estivessem carregando uma tonelada, voltei para minha sala, quando após alguns minutos, um operador da fábrica bate a porta e pede para falar comigo, e o seguinte diálogo ocorreu:

- Por gentileza, nunca mais faça isso!!,- ele me disse.
Eu perguntei - Fazer o que?
- Você acabou de passar pela fábrica com a cabeça baixa demonstrando estar derrotado.
Eu, novamente indaguei - Mas que mal há nisso?
Ele me respondeu - Você para nós é um espelho, se você que nos inspira está assim, o que sobrará para nós?

Após processar essas palavras por alguns milésimos de segundo, agradeci a ele pela sinceridade. O gesto e as palavras desse funcionário que nem faz parte de minha equipe me ensinaram as seguintes lições

Primeira lição: Nós transmitimos mensagens todo o tempo, através do corpo, dos gestos e principalmente das atitudes, elas podem ser positivas ou negativas, construtivas ou destrutivas, e por isso, devemos todos os dias nos preocupar com quais mensagens estamos transmitindo as pessoas que estão ao nosso lado.

Segunda lição: Mesmo quando estiver se sentindo derrotado, não demonstre. A pior derrota é demonstrar que se está derrotado.

Terceira lição: Deus te fez para a excelência, e para você ser excelente, você deve fazer a opção por ser sempre otimista, se você não se sente bem agora, você deve ter a convicção de que no minuto seguinte você estará, só assim a excelência é possível.


sábado, 20 de novembro de 2010

Não a discriminação

Apesar do objetivo de nosso blog ser falar principalmente de assuntos ligados ao mundo coorporativo, carreira, liderança, etc. a matéria da jornalista Barbara Gancia merece a relevância de ser postada em qualquer tipo de blog ou meio de comunicação, seja na internet ou através de sinal de fumaça, em pleno século XXI devemos repudiar qualquer tipo de discriminação, os recentes exemplos de violência homofóbica são um ultraje ao ser humano.

O SAMBA DO NICODEMUS
Barbara Gancia
Folha de S. Paulo, 19/11/2010


DIGAMOS QUE VOCÊ goste mais de azul que de cor de laranja. Ou que, dentre todas as verduras, nutra uma predileção especial pelo brócolis. Ou, ainda, que simpatize mais com o poodle do que com o weimaraner. Agora digamos que alguém decida isolar este tipo de característica e usar apenas essa única informação para defini-lo como ser humano.
De repente, em vez de ser, quem sabe, loiro ou moreno, carioca ou paulista, “baby boomer” ou membro da “Geração X”, extrovertido ou travado, torcedor do Bangu ou do Santos, colecionador de selos ou de fracassos sentimentais, enfim, em vez de ser tantas coisas ao mesmo tempo na sua infinita complexidade, imagine se você fosse apenas alguém que gosta de brócolis? ”Lá vai fulano”, diriam. “Ouvi dizer que gosta de brócolis”. Não seria um reducionismo perverso? Sujeito é um virtuoso do cello, o outro está trabalhando para desvendar o genoma humano e o pessoal interessado num único atributo: “O que será que ele faz com o brócolis entre quatro paredes?”
Ao longo da semana, a Universidade Mackenzie retirou de seu site, sob protestos, um manifesto contra o projeto de lei que pretende criminalizar a homofobia. Assinado pelo reverendo Augustus Nicodemus Gomes Lopes, o texto diz coisas assim: “As Escrituras Sagradas ensinam que Deus criou a humanidade com uma diferenciação sexual (homem e mulher) e com propósitos heterossexuais específicos (…) A Igreja Presbiteriana do Brasil manifesta-se contra a aprovação da chamada lei da homofobia por entender que ensinar e pregar contra a prática do homossexualismo não é homofobia, por entender que uma lei dessa natureza maximiza direitos a um determinado grupo de cidadãos, ao mesmo tempo em que minimiza, atrofia e falece direitos e princípios já determinados principalmente pela Carta Magna. E por entender que tal lei interfere diretamente na liberdade e na missão das igrejas de todas orientações de falarem sobre o comportamento ético de todos, inclusive dos homossexuais.”

Será que pregar contra aqueles que gostam de brócolis é simples exercício da liberdade de expressão? E nascer gostando de brócolis seria “opção leguminosa?” O reverendo Nicodemus quer que a Igreja mantenha intacto o direito de criticar a homossexualidade. Entendo o ponto de vista, afinal, a condenação a uma minoria ajuda a manter o rebanho forte e unido. Mas, dá para fazer melhor. Olha só a ideia genial que eu acabo de ter: já que os gays cansaram de apanhar, deram para se organizar e conquistaram inclusive o poder de pressionar para ver criadas leis que os protejam na marra, sugiro que se passe a discriminar um novo grupo.

Alô, reverendo Nicodemus! Os judeus a gente descarta de cara. Crucificação e Hitler ainda estão muito frescos na memória, não é mesmo? Que tal partir para uma coisa mais dissimulada, que o povo encontre em todo lugar, mas que seja uma minoria mesmo assim? E como brócolis também é manjado e muita gente gosta, pensei nas pessoas que apreciam as alcaparras. Veja se o discurso encaixa: “A alcaparra em si é uma criação divina, mas desejar a alcaparra é ceder à tentação, é usar o corpo para propósitos outros do que aqueles que o Senhor entendeu para nós”. Não dá o maior samba, Nicodemus?

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