sábado, 26 de fevereiro de 2011

"Um presente de Deus"

Geralmente meu posts falam de outros assuntos, menos pessoais, mas em decorrência de um grande acontecimento como o de ontem, me sinto obrigado a dividir com todos que acessam esse blog a grande alegria que foi nos dada.

Não tenho filhos ainda, mas a vida sempre me agraciou com a oportunidade de apadrinhar crianças maravilhosas, e mais uma graça foi concedida com o nascimento de meu afilhado Raphael, que veio ao mundo na manhã de ontem.

E como veio lindo meu afilhado, mesmo a beleza sendo a beleza “cara de joelho” como disse sua mãe. E o motivo dessa beleza é simples, é tão incrível porque é talhada pela perfeição invisível de Deus.

Essa perfeição é a única explicação para que um ser tão pequeno e frágil, possa paradoxalmente ser munido de tanta força e vivacidade, é um ser vencedor pela própria concepção, que já superou tantas dificuldades e desafios simplesmente para poder vir ao mundo, por isso me pergunto: Existe algo mais maravilhoso e incrível do que o dom da vida?

Pode o ser humano se aproximar mais de Deus do que no momento em que lhe é dado o poder de gerar a vida? Pode a mulher estar em momento de graça maior do que quando dá a luz ao seu filho? A resposta para todas essas perguntas, em minha opinião pelo menos é, não, não existe momento mais divino para o ser humano do que esse.

É por isso, meus amigos Anderson e Katiane, agora compadre e comadre, pais do Raphael, daqui a alguns anos será assim que serão conhecidos, como os pais do Raphael, meus parabéns. Tenho certeza de que serão pais maravilhosos, e muito obrigado por concederem a mim e a minha esposa a oportunidade de podermos dividir um pouco dessa alegria com vocês, estamos muito orgulhosos de nossa responsabilidade.

Ao já tão amado Raphel, o padrinho deseja que os seus caminhos sejam sempre acompanhados de boas amizades, te deseja sabedoria e que sua vida seja construída sempre com um sorriso no rosto, te desejo uma vida longa e feliz, composta pelas medidas ideais de paz, amor e felicidade.

E se prepare para muita diversão, o padrinho está aqui para isso....RSRSSRS.



domingo, 6 de fevereiro de 2011

Artigo de Leonardo Boff " É dando que recebe ?"

Estamos em tempos de montagem de governos. Há disputas por cargos e funções por parte de partidos e de políticos. Ocorrem sempre negociações, carregadas de interesses e de muita vaidade. Neste contexto, se ouve citar um tópico da inspiradora oração de São Francisco pela paz “é dando que se recebe” para justificar a permuta de favores e de apoios onde também rola muito dinheiro. É uma manipulação torpe do espírito generoso e desinteressado de São Francisco. Mas desprezemos estes desvios e vejamos seu sentido verdadeiro.

Há duas economias: a dos bens materiais e a dos bens espirituais. Elas seguem lógicas diferentes. Na economia dos bens materiais, quanto mais você dá bens, roupas, casas, terras e dinheiro, menos você tem. Se alguém dá sem prudência e esbanja perdulariamente acaba na pobreza.

Na economia dos bens espirituais, ao contrario, quanto mais dá, mais recebe, quanto mais entrega, mais tem. Quer dizer, quanto mais dá amor, dedicação e acolhida (bens espirituais) mais ganha como pessoa e mais sobe no conceito dos outros. Os bens espirituais são como o amor: ao se dividirem, se multiplicam. Ou como o fogo: ao se espalharem, aumentam.

Compreendemos este paradoxo se atentarmos para a estrutura de base do ser humano. Ele é um ser de relações ilimitadas. Quanto mais se relaciona, vale dizer, sai de si em direção do outro, do diferente, da natureza e até de Deus, quer dizer, quanto mais dá acolhida e amor mais se enriquece, mais se orna de valores, mais cresce e irradia como pessoa.

Portanto, é “dando que se recebe”. Muitas vezes se recebe muito mais do que se dá. Não é esta a experiência atestada por tantos e tantas que dão tempo, dedicação e bens na ajuda aos flagelados da hecatombe socioambiental ocorrida nas cidades serranas do Rio de Janeiro, no triste mês de fevereiro, quando centenas morreram e milhares ficaram desabrigados? Este “dar” desinteressado produz um efeito espiritual espantoso que é sentir-se mais humanizado e enriquecido. Torna-se gente de bem, tão necessária hoje.

Quando alguém de posses, dá de seus bens materiais dentro da lógica da economia dos bens espirituais para apoiar aos que tudo perderam e ajudá-los a refazer a vida e a casa, experimenta a satisfação interior de estar junto de quem precisa e pode testemunhar o que São Paulo dizia:”maior felicidade é dar que receber”(At 20,35). Esse que não é pobre, se sente espiritualmente rico.

Vigora, portanto, uma circulação entre o dar e o receber, uma verdadeira reciprocidade. Ela representa, num sentido maior, a própria lógica do universo como não se cansam de enfatizar biólogos e astrofísicos. Tudo, galáxias, estrelas, planetas, seres inorgânicos e orgânicos, até as partículas elementares, tudo se estrutura numa rede intrincadíssima de inter-retro-relações de todos com todos. Todos co-existem, inter-existem, se ajudam mutuamente, dão e recebem reciprocamente o que precisam para existir e co-evoluir dentro de um sutil equilíbrio dinâmico.

Nosso drama é que não aprendemos nada da natureza. Tiramos tudo da Terra e não lhe devolvemos nada nem tempo para descansar e se regenerar. Só recebemos e nada damos. Esta falta de reciprocidade levou a Terra ao desequilíbrio atual.

Portanto, urge incorporar, de forma vigorosa, a economia dos bens espirituais à economia dos bens materiais. Só assim restabeleceremos a reciprocidade do dar e do receber. Haveria menos opulência nas mãos de poucos e os muitos pobres sairiam da carência e poderiam sentar-se à mesa comendo e bebendo do fruto de seu trabalho. Tem mais sentido partilhar do que acumular, reforçar o bem viver de todos do que buscar avaramente o bem particular. Que levamos da Terra? Apenas bens do capital espiritual. O capital material fica para trás.

O importante mesmo é dar, dar e mais uma vez dar. Só assim se recebe. E se comprova a verdade franciscana segundo a qual ”é dando que recebe” ininterruptamente amor, reconhecimento e perdão. Fora disso, tudo é negócio e feira de vaidades.


Leonardo Boff é autor de A oração de São Francisco, Vozes 2010.(Texto publicado no site http://www.leonardoboff.com/ em fevereiro de 2011

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