“Caminhando e
cantando e seguindo a canção
Somos todos iguais braços dados ou não
Nas escolas nas ruas, campos, construções
Caminhando e cantando e seguindo a canção
Vem, vamos embora, que esperar não é saber.”
Somos todos iguais braços dados ou não
Nas escolas nas ruas, campos, construções
Caminhando e cantando e seguindo a canção
Vem, vamos embora, que esperar não é saber.”
O
trecho acima é da música “Pra não dizer que não falei das flores” de Geraldo
Vandré, uma das músicas mais belas já composta, pelo menos em minha opinião. A
mesma, composta durante a ditadura militar não lhe parece atual?
Pudemos
ver nos últimos dias um levante que há muito tempo não se via, uma movimentação
legítima traduzindo em gestos a insatisfação de um povo. Por mais que em nenhum
momento se visse uma articulação bem feita, que em vários momentos se
percebesse que não se sabia porque se estava ali militando, isso fez alguma
diferença? Torna-se menos legítimo o grito do gigante que demonstra ter
acordado?
É
um momento histórico para nosso povo, mas por que mesmo? Não seria porque uma
geração demonstra não querer mais ser passiva? Isso por si só já não é um feito
histórico?
Muitas
coisas me chamaram a atenção, mas em especial o fato de o movimento ser apartidário, de ser legitimamente
um ato do povo, onde a única bandeira permitida era a bandeira do Brasil, que
flamejou triunfante nas mãos de milhares em quase todos os estados, que não se
cansaram de gritar, mesmo quando a violência, de vândalos ou policiais, tentou
atrapalhar, que fez o coração de muitos bater de orgulho, não por causa de um
título de futebol, mas pelo simples fato de ser brasileiro.
De
tudo isso fica uma palavra ressoando em minha mente: “Esperança”. Mas seria esperança
de que estes atos mudem o país? Não, precisaremos de muito tempo para isso, mas
acredito que tudo isso nos traz a esperança de que nossos jovens não votarão
mais inconscientes, de que talvez nas próximas eleições menos corruptos já
julgados e declarados culpados sejam eleitos e de que os ventos de mudança
estejam chegando para ficar, a tal ponto que quando algo oprimir nosso povo
seja a violência, a corrupção, a ausência de políticas publicas justas, ou
outro motivo válido, que tenhamos força e coragem para nos levantar e dizer “não”,
onde tudo o que se inicia é um pequeno embrião, mas que tem potencial para
gerar uma nova democracia e aí sim um novo país.
Como
diz a música acima citada:
“Os amores na
mente, as flores no chão
A certeza na frente, a história na mão
Caminhando e cantando e seguindo a canção
Aprendendo e ensinando uma nova lição
Vem, vamos embora, que esperar não é saber,
Quem sabe faz a hora, não espera acontecer.”
A certeza na frente, a história na mão
Caminhando e cantando e seguindo a canção
Aprendendo e ensinando uma nova lição
Vem, vamos embora, que esperar não é saber,
Quem sabe faz a hora, não espera acontecer.”